Entrevista Luciana Aguiar – Terapeuta Ocupacional

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Entrevista Luciana Aguiar – Terapeuta Ocupacional

Qual é a sua especialidade, e no que é que consiste?

A minha formação académica é Terapia Ocupacional, que consiste em avaliação e (re)habilitação de pessoas com disfunção física, mental, de desenvolvimento, social ou outras, utilizando técnicas terapêuticas integradas em atividades selecionadas consoante o objetivo pretendido e enquadradas na relação terapeuta/cliente. Consiste, igualmente, na prevenção da incapacidade através de estratégias adequadas com vista a proporcionar à pessoa o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções pessoais, sociais e pro­fissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das respetivas ajudas técnicas, de forma a contribuir para uma melhoria da qualidade de vida.

Fale-nos um pouco do seu percurso profissional e dos seus principais objetivos.

Eu terminei a Licenciatura em Terapia Ocupacional em 2009, pela Escola Superior de Saúde do Porto. Desde então, exerci profissionalmente em Unidades de Cuidados Continuados de Média Duração e de Longa Duração, na área de Reabilitação Física.
Em 2011 integrei a equipa interdisciplinar do Centro de Medicina e Reabilitação do Sul – São Brás de Alportel, que é um centro de reabilitação intensiva de referência nacional e internacional, na área da reabilitação física, nomeadamente, em reabilitação neurológica, onde permaneci até 2017. A intervenção da Terapia Ocupacional tem como principal objetivo, a reabilitação holística da pessoa, no sentido de lhe proporcionar o máximo de autonomia na sua rotina diária e, a sua integração no domicílio, na família, na comunidade e a nível profissional.

De que modo encara o envelhecimento?

O envelhecimento tem de ser encarado como um envelhecimento ativo, no sentido de prevenir potenciais incapacidades e doenças, e de manter o máximo de autonomia e independência na sua rotina diária. Por outro lado, o envelhecimento não pode ser encarado como uma descaracterização e despersonalização da pessoa, no sentido de que, a pessoa deve preservar as suas rotinas, os seus hábitos e papéis, e as atividades que lhe são significativas. Assim como, deve manter a sua capacidade de tomada de decisão e as sua escolhas, com o objetivo primordial de se manter ativo na sua VIDA e de usufruir do bem-estar e qualidade de vida.

Da sua experiência, o quão importante é os seniores apostarem numa vida ativa para prevenir problemas de saúde?

Muitas vezes o envelhecimento é encarado como uma descaracterização e despersonalização da pessoa, uma situação de dependência (pessoal, familiar, financeira, etc…), inatividade e isolamento. Consequente desta condição, muitas vezes surgem situações de incapacidade e doença, e mais grave é que não de forma isolada, mas quase sempre multifatorial, ou seja, várias patologias e comorbilidades associadas.
Como forma de prevenir este quadro tão negativo associado à velhice, a pessoa deve manter-se o máximo possível ativa durante o seu dia-a-dia, integrando-se em atividades que lhe são significativas. Esta pro-atividade permite à pessoa manter-se ativa física e cognitivamente, com o objetivo de retardar e prevenir o decréscimo das funções físicas e cognitivas (que acontecem naturalmente associadas ao avanço da idade), mantendo-se inserida nos contextos que fazem parte da sua VIDA, nomeadamente, no seu domicílio, junto da sua família, amigos e comunidade.

Defina o que é, para si, dar vida à idade.

Vai no seguimento daquilo que tenho vindo a descrever nas questões anteriores. Ou seja, a pessoa deve manter-se o máximo possível ativa durante o seu dia-a-dia, integrando-se em atividades que lhe são significativas, com o objetivo primordial de prevenir incapacidades e de manter a sua autonomia e independência, usufruindo do bem-estar e da sua qualidade de vida.