O que é a doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é uma doença crónica que afecta o sistema motor, ou seja, que envolve os movimentos corporais, levando a tremores, rigidez, lentificação dos movimentos corporais, instabilidade postural e alterações da marcha
Quais as causas da doença de Parkinson?
Até agora, a razão porque algumas pessoas desenvolvem a doença e outras não, não foi determinada. Há quem defenda que tudo se deve aos chamados radicais livres, que são moléculas produzidas no nosso corpo em resultados das normais reacções metabólicas, e que, eventualmente, podem provocar lesões cerebrais através de um processo denominado oxidação. Outros, acreditam que esta doença se deve ao efeito tóxico de certas drogas, o que é suportado pela evidência de uma associação desta doença com o abuso de uma droga muito popular na década de 70. Para além disto, outras provas relacionaram a doença de Parkinson com certas toxinas ambientais, nomeadamente com os pesticidas, uma vez que se encontraram taxas de incidência mais altas em áreas rurais onde as pessoas bebem água proveniente de poços. Finalmente, pensou-se que a doença poderia ter uma base genética, como foi documentado num estudo que se fez de uma família na qual a doença afectava várias gerações, mas até agora todos os outros estudos realizados não detectaram qualquer anormalidade genética.
Que mudanças ocorrem no cérebro com a doença de Parkinson?
Na doença de Parkinson, as células nervosas em parte dos gânglios basais (chamada substância negra) degeneram-se.
Os gânglios basais são um conjunto de células nervosas localizadas profundamente no cérebro. Podem ajudar a suavizar os movimentos musculares e coordenam as mudanças de postura. Quando o cérebro origina um impulso para mover o músculo (por exemplo, para levantar um braço), o impulso passa pelos gânglios basais. Tal como em todas as células nervosas, as dos gânglios basais libertam mensageiros químicos (neurotransmissores) que estimulam a célula nervosa seguinte da via nervosa para enviar um impulso. A dopamina é o principal neurotransmissor nos gânglios basais. O seu efeito geral é intensificar os impulsos nervosos para os músculos.
Quando as células nervosas nos gânglios basais degeneram-se, elas produzem menos dopamina e o número de conexões entre as células nervosas nos gânglios basais diminui. Como resultado, os gânglios basais não podem suavizar os movimentos como fazem normalmente, o que provoca o tremor, a perda de coordenação, movimento lento (bradicinesia), a tendência a se mover menos (hipocinesia) e problemas com postura e ao caminhar.
Quais os principais sintomas da doença de Parkinson?
A manifestação inicial da doença é, geralmente, um tremor ligeiro numa mão, braço ou perna que ocorre, normalmente, a uma frequência de três por segundo quando extremidade afectada está em repouso mas, que pode aumentar em momentos de tensão. Tipicamente, o tremor melhora quando o paciente move voluntariamente a extremidade afectada e pode, mesmo, desaparecer durante o sono. À medida que a doença progride, o tremor torna-se mais difuso, acabando, eventualmente, por afectar as extremidades de ambos os lados do corpo.
Para além do tremor, que classicamente caracteriza a doença, surgem ainda outros sintomas, nomeadamente rigidez das extremidades, lentificação dos movimentos corporais voluntários (bradicinésia), instabilidade postural e alterações da marcha.
Quando a bradicinésia afecta os músculos faciais, leva a que o doente se babe, perturba o normal piscar dos olhos e interfere com a mímica facial (expressões), podendo acabar por originar uma face semelhante a uma máscara, isto é, inexpressiva. Quando atinge outros músculos, a bradicinésia pode afectar a capacidade do paciente em cuidar de si próprio, nomeadamente de se lavar e vestir ou utilizar os talheres ou, de realizar as normais tarefas domésticas, como lavar a loiça ou a roupa.
Os problemas com o equilíbrio e a instabilidade postural podem tornar muito difíceis actos tão simples quanto o sentar-se ou levantar-se de uma cadeira e o andar pode implicar pequenos passos, arrastados, geralmente, sem o normal movimento pendular dos braços. Nalguns pacientes surgem, ainda, alterações da escrita, sendo que a letra se torna pequena, tremida e, muitas vezes, ilegível.
Para além de tudo isto, ainda estão associados à Doença de Parkinson outros sintomas, incluindo:
– depressão;
– falta de cheiro;
– ansiedade;
– alterações do sono;
– perda de memória;
– discurso indistinto;
– dificuldades de mastigação e deglutição;
– obstipação;
– perda do controlo vesical;
– regulação anormal da temperatura corporal;
– aumento da sudação;
– disfunção sexual;
– cãibras, entorpecimento, formigueiros (parestesias) e dores nos músculos.
Qual a prevalência da Doença de Parkinson?
Estima-se que cerca de 20 mil portugueses sofram da doença de Parkinson. Os hospitais centrais registam por ano mais de 1800 novos casos e prevê-se que, com o aumento da longevidade da população, esta doença aumente nos próximos vinte anos, afectando cerca de 30 mil portugueses. À escala mundial, estima-se que existam 7 a 10 milhões de pessoas que vivem com esta doença.
A sua prevalência aumenta com a idade, sendo rara antes dos 50 anos, e é mais comum nos homens do que nas mulheres. Contudo, em 5% dos casos a Doença de Parkinson surge antes dos 40 anos
A doença de Parkinson é a segunda doença degenerativa mais comum do sistema nervoso central após a doença de Alzheimer. Ela afeta:
Cerca de 1 em 250 pessoas com 40 anos de idade ou mais
Cerca de 1 em 100 pessoas com 65 anos de idade ou mais
Cerca de 1 em 10 pessoas com 80 anos de idade ou mais
Normalmente começa entre os 50 e 79 anos. Raramente, a doença de Parkinson ocorre em crianças ou adolescentes.
Como se diagnostica a doença de Parkinson?
O diagnóstico depende da história clínica e da avaliação neurológica. Não existe nenhum teste laboratorial que permita um diagnóstico definitivo. Mas há progressos recentes que levaram à identificação de marcadores bioquímicos que podem servir para diagnóstico e monitorização da progressão da patologia.
Perante um quadro sugestivo desta doença, a realização de um ensaio de tratamento com levodopa é útil. Se os sintomas melhorarem durante esse ensaio, a probabilidade de se estar perante Doença de Parkinson é elevada.
Como se trata a doença de Parkinson?
Embora não exista cura, os sintomas podem ser controlados através de diversos tipos de medicamentos.
Esses medicamentos estimulam a libertação de dopamina, desde que ainda existam células cerebrais produtoras de dopamina. Quando tal não é possível, recorre-se a outro tipo de medicamentos, como a levodopa que depois é convertida em dopamina a nível cerebral.
Existem ainda outras classes de medicamentos que imitam a acção da dopamina e outros que impedem a sua degradação, assim prolongando a sua acção no cérebro.
A escolha do tratamento adequado para a Doença de Parkinson dependerá, portanto, da fase da doença.
Alguns estudos referem o interesse da utilização de alguns anti-oxidantes e suplementos contendo vitamina E e C. É essencial que a utilização dessas outras substâncias seja sempre feita com conhecimento e concordância do médico.
São igualmente importantes medidas como a prática regular de exercício físico e uma dieta equilibrada que permitem oferecer melhor qualidade vida e melhorar o controlo corporal.
Qual a diferença entre Parkinsonismo e Doença de Parkinson?
Parkinsonismo causa os mesmos sintomas que a doença de Parkinson mas é causado por vários outros quadros clínicos, como atrofia multissistêmica, paralisia supranuclear progressiva, acidente vascular cerebral, lesão na cabeça ou certos medicamentos.
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