A vida depois de um AVC

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A vida depois de um AVC

Segundo a Sociedade Portuguesa de Acidente Vascular (SPAVC), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que o AVC é responsável pela morte de 5 milhões de pessoas, anualmente, a nível mundial.

Mas afinal o que é um AVC?

O AVC é provocado por uma descida repentina do fluxo sanguíneo responsável pela irrigação do cérebro. Muitas das vezes é provocado pelo bloqueio de um vaso sanguíneo do cérebro (AVC isquémico) ou pela rutura deste (AVC hemorrágico). Estes problemas são causados pela acumulação de placas de gordura nas paredes das artérias (aterosclerose). O bloqueio ou rutura de um vaso sanguíneo faz com que essa zona cerebral não receba oxigénio levando à morte celular.
Uma vez que o cérebro controla as funções corporais, os sinais do AVC irão variar em função da área afetada. Por exemplo, se o AVC afetar a área que controla os movimentos do corpo do lado direito, esse lado do corpo irá ficar com a mobilidade reduzida.
Como o cérebro também controla os processos mentais mais complexos, como a comunicação, as emoções, o raciocínio e o pensamento, todas estas funções tenderão a ficar afetadas após um AVC.
Um AVC ocorre de forma súbita, pela oclusão ou pela rotura de uma artéria, e, portanto, os seus efeitos no corpo são imediatos.

Quais os sintomas do AVC?

Estes sintomas surgem de um modo quase imediato.
De um modo geral, é simples reconhecer um AVC recorrendo à regra dos 5 F’s. Estes sintomas podem surgir de forma isolada ou em combinação:

Face
A face pode ficar assimétrica de uma forma súbita, parecendo um “canto da boca” ou uma das pálpebras estarem descaídos. Estes sinais poderão ser melhor percebidos se a pessoa afetada tentar sorrir.

Força
É comum um braço ou uma perna perderem subitamente a força ou ocorrer uma súbita falta de equilíbrio.

Fala
A fala pode parecer estranha ou incompreensível e o discurso não fazer sentido. Com frequência, a pessoa parece não compreender o que se lhe diz.

Falta de visão súbita
A perda súbita de visão, de um ou de ambos os olhos, é um sintoma frequente num AVC, bem como a visão dupla.

Forte dor de cabeça
É igualmente importante valorizar uma dor de cabeça súbita e muito intensa, diferente do padrão habitual e sem causa aparente.

Quais os fatores de risco para o AVC?

Os fatores de risco são muito numerosos e, quanto maior for o seu número, maior o risco de ocorrência de um AVC.
Alguns desses fatores não são controláveis, como a idade, o género (mais frequente nos homens) e a genética. Em relação à idade, é importante referir que cerca de 25% dos AVCs ocorrem em pessoas jovens.
A diabetes, a hipertensão arterial, o colesterol, a obesidade, o sedentarismo, as arritmias, a displasia fibromuscular, o consumo de tabaco e de álcool também aumentam o risco de AVC.

Qual o tratamento para o AVC?

Os medicamentos mais úteis para o tratamento e prevenção do AVC são os anti-hipertensores, os antiagregantes plaquetários e os anticoagulantes. No seu conjunto, estas três classes de fármacos melhoram a circulação e garantem um melhor aporte de sangue, oxigénio e nutrientes às células cerebrais.
A escolha da melhor combinação de medicamentos deverá sempre ser realizada pelo médico.
Em alguns casos, a cirurgia poderá ser fundamental para desbloquear uma artéria entupida.

Quais os fatores de risco para desenvolver um AVC?

Portugal é o país da União Europeia com a taxa mais elevada de mortalidade por AVC, favorecida pela prevalência de hipertensão arterial (HTA) com incidência em cerca de 50% dos casos provocada pelos descuidos alimentares, o abuso do álcool, a obesidade, o stress excessivo, o tabagismo e atitudes como a ausência de atividade física que levam ao sedentarismo.
Efetivamente, os fatores de risco aumentam a probabilidade de um AVC, porém muitos deles podem atenuar-se com tratamento médico ou com a alteração dos estilos de vida.
Quanto maior for o número de fatores de risco, maior é a probabilidade de ocorrência de AVC, logo a melhor maneira de o prevenir é reduzi-los.

É possível recuperar de um AVC?

Sim! As pessoas que sofrem um AVC podem recuperar por completo, seja em poucos dias ou seja passados uns meses. Contudo o processo de reabilitação deve ser pensado a longo prazo.
A reabilitação é essencial para as pessoas que, após um acidente vascular cerebral (AVC), apresentem desvalorização ou perda de capacidades e que através de um programa de reabilitação podem readquirir autonomia, qualidade de vida e sentirem-se valorizados.

Após um AVC, os doentes podem apresentar vários tipos de problemas:
– Funcionais: perda total ou parcial da função de um ou dois membros ou do hemicorpo
– Cognitivos: perda de capacidade executiva ou de memória
– Expressão e compreensão: dificuldade de compreensão ou de articulação das palavras e do discurso
– Autonomia nas atividades de vida diária: dificuldade para tomar banho, vestir-se, comer, deslocar-se, entre outras.

Reabilitação pós AVC no Centro Colibri

No Centro Colibri todos os planos de intervenção são delineados individualmente, mediante a avaliação de cada situação por equipas multidisciplinares que, em colaboração com os doentes e com as suas famílias, programam e desenvolvem as acções necessárias, no regime mais adequado, em função das metas a atingir.

O nosso programa terapêutico específico para pós AVC, pode ser realizado individualmente ou em grupo, dirige-se especificamente a pessoas que pretendem reabilitar e recuperar as capacidades e habilidades e aprender adaptar-se a algumas situações causadas pelo AVC. A intervenção deste programa inclui:
• Exercícios de estimulação motora e treino da mobilidade
• Exercícios de estimulação cognitiva e sensorial
• Exercícios terapêuticos da fala, motricidade orofacial e/ou deglutição
• Treino das atividades quotidianas (alimentação, autocuidado…)

No Centro Colibri podem ainda ser incluídas no plano de reabilitação do AVC os seguintes serviços:
• Intervenções especificas em terapia da fala, terapia Ocupacional e fisioterapia
• Acompanhamento psicológico
• Aconselhamento e treino de utilização de ajudas técnicas
• Aconselhamento e educação familiar
• Aconselhamento nutricional
• Adaptação do ambiente e do domicílio às novas necessidades do doente

É inegável, um AVC pode mudar a vida das pessoas e terá um impacto tanto nas pessoas que sofreram o AVC como nos seus familiares e amigos. Contudo não podemos esquecer, a vida depois do AVC é possível!