Fibromialgia

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Fibromialgia

O que é a Fibromialgia?
É uma doença que se caracteriza por dor músculo-esquelética generalizada, difusa, muitas vezes migratória e por um aumento da sensibilidade a uma variedade de estímulos que podem causar dor e desconforto, como o esforço, stress ou os ruídos. Afeta cerca de 2-4% dos adultos, sendo mais frequente em mulheres.

Pode ter períodos de acalmia ou exacerbação, sendo que a dor e desconforto podem ser flutuantes. Acompanha-se frequentemente de fadiga, alteração do sono, problemas de memória e concentração.

Qual a causa?
A origem e causa da fibromialgia não são muito claras. Pensa-se que existe um aumento da sensibilidade à dor, devido a alterações dos neurotransmissores e do processamento da dor, tanto a nível do sistema nervoso periférico como do sistema nervoso central, que conduz a situações de hipersensibilidade a estímulos externos. O stress psicológico (preocupação, ansiedade) favorece este mecanismo, além de aumentar também a tensão que se transmite aos músculos, aumentando a dor.

Quais as queixas/sintomas?
A dor músculo-esquelética é generalizada, mal definida, imprecisa, difusa, muitas vezes migratória (salta de uns lados para os outros) e pode variar de intensidade. Pode acompanhar-se de formigueiros, sensação de adormecimento, tremor, sudação e sensação de rigidez de articulações e músculos.
A dor agrava com o frio, com alterações do sono, e em períodos de maior stress, preocupações ou angústia.

Além da dor músculo-esquelética, são frequentes outros sintomas:

1. Alterações do padrão do sono:
– Insónia inicial (dificuldade em adormecer);
– Despertares noturnos frequentes (sono fragmentado);
– Sono não reparador;

2. Fadiga e cansaço matinal (“parece que fui atropelado por um camião”);

3. Falta de força e vontade para realizar as tarefas diárias, cansaço intenso e sensação de esgotamento físico (mais ao final de um dia de trabalho ou exercício físico intenso);

4. Diminuição da concentração, défice de memória e distração fácil;

5. Outras manifestações que podem estar associadas:
– Intolerância ao frio e/ou ao calor;
– Síndrome colon irritável;
– Enxaqueca ou cefaleia de tensão;
– Dores menstruais;
– Disfunção da articulação temporo-mandibular;
– Bexiga hiperativa;
– Depressão.

Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico de fibromialgia é um diagnóstico clínico de exclusão e caracteriza-se pela ausência de alterações significativas no exame físico e nos exames laboratoriais e exames de imagem.

Como se trata?
Os objectivos dos tratamentos são o alívio da dor, reduzir a ansiedade, melhorar o sono e melhorar a qualidade de vida para manter uma boa actividade física, social e familiar.

1. Tratamento não farmacológico:

– Educação do doente: é um ponto fundamental do tratamento. O doente deve ter consciência da importância que o stress, as preocupações e a angústia têm como factores desencadeantes e de agravamento da fibromialgia, devendo controlá-los. O doente deve-se empenhar no seu próprio tratamento.

– Relaxamento psicológico: levar uma vida mais tranquila, reduzir o stress, resolver conflitos, procura da realização pessoal, maior tolerância. Arranjar tempo para ele próprio, para descansar, relaxar, meditar. Tentar ser feliz.

– Regularização do sono: deitar-se a horas regulares, mantendo o quarto escuro e tranquilo; evitar café, chás ou tabaco ao final do dia.

– Exercício físico regular: o estado de imobilização a que muitos doentes com fibromialgia se remetem para não desencadear as dores, leva a uma deficiente condição física com redução da força e da flexibilidade dos músculos, provocando cansaço fácil.

A prática regular de exercício físico é essencial, uma vez que reduz a intensidade da dor e da fadiga, os sintomas que os doentes consideram mais incapacitantes, assim como diminui a tensão muscular, o stress e a ansiedade, facilita o sono, favorece a coordenação motora para as atividades diárias, promove uma postura adequada, ajuda no controlo do peso e, assim, melhora a auto-estima e a qualidade de vida.

O programa de exercício tem que ser individualizado para cada doente, dependendo da sua condição física, tendo sempre em conta as suas preferências – utilizar actividades físicas que correspondam aos gostos do doente facilita o seu empenho.
Os exercícios devem ser leves, sem carga, progressivos e em pequena quantidade, mas idealmente realizados diariamente, obedecendo a uma sequência programada. Os movimentos não devem ser extenuantes. Deve-se alertar o doente que pode sentir um agravamento da intensidade das suas dores em curtos períodos, particularmente durante os primeiros dois meses de actividade física, mas que estes regridem e não devem ser razão para desistirem.
Alguns exercícios recomendados são a hidroginástica em piscina aquecida, a ginástica aeróbica, o Yoga, o Tai-Chi e Pilates.

Os programas devem incluir:
– Aquecimento: melhora o aporte sanguíneo para os músculos e tendões, adequando a frequência cardíaca e respiratória. Com isto melhora a resistência física para os exercícios e mesmo para as atividades diárias.
– Exercícios de fortalecimento muscular e alongamento: importantes para promover o equilíbrio, coordenação motora e controlo da dor.
– Exercício aeróbio (caminhada, dança, exercício aquático): importantes para o condicionamento cardiovascular e controlo de peso – frequência de pelo menos 2 dias/semana, com duração de pelo menos 20 minutos;
– Relaxamento final: alongamentos e exercícios com a respiração no final dos exercícios, que visam “desacelarar” o organismo.
– Banhos de água quente: ajudam a relaxar e a diminuir a tensão muscular e a dor.
– Psicoterapia/terapia cognitiva comportamental: pode ser muito útil em alguns doentes.

2. Tratamento farmacológico:
Os medicamentos são utilizados com base nos sintomas e ajudam a reduzir a dor, a melhorar o sono, a fadiga, o cansaço, a ansiedade e a depressão. São usados vários tipos de fármacos no tratamento da fibromialgia, nomeadamente, analgésicos, relaxantes musculares e antidepressivos.

Dicas importantes!
O paciente com Fibromialgia deve ser o principal responsável pelo seu próprio tratamento. Nesse sentido, aqui ficam alguns conselhos para lidar com esta condição:
– Aprenda a identificar situações de stress, controlando-as, dentro do possível. O aumento de ansiedade, preocupações e estados de angústia agravam os sintomas;
– Leve uma vida mais tranquila, procurando atividades que lhe tragam satisfação e realização pessoal.
– Deite-se sempre à mesma hora, mantendo o quarto escuro e tranquilo.
– Evite bebidas estimulantes como o café, chá preto ou tabaco ao final do dia.
– Faça exercício físico de forma regular. Poderá sentir um agravamento das dores, particularmente nos primeiros meses de atividade, mas não deve desistir. As pessoas que praticam uma atividade física têm uma maior probabilidade de conseguir controlar os sintomas da Fibromialgia a longo prazo.
– Não se isole, não deixe que a dor domine. Ouça as suas emoções. O que pensamos e sentimos tem uma influência direta sobre a doença. Se disser frases como «não me vou conseguir levantar», «já não tenho mais forças», só aumentará o seu sofrimento.